A senescência é um mecanismo indispensável responsável pela proteção da
célula do estresse oncogênico. No entanto, a senescência também contribui para
patologias que estão diretamente relacionadas ao envelhecimento em vários
tecidos, especialmente a pele.
O acúmulo de dano molecular devido a geração
de espécies reativas de oxigênio (EROs) está associado com o envelhecimento da
pele, indicando que esse é um dos fatores que causam senescência. EROs podem
ser produzidos através da radiação UV, poluição ambiental e respiração
mitocondrial.
A cafeína (1,3,7-trimetilxantina) é um
composto natural bioativo presente no café, chá e outros produtos alimentícios.
Este composto apresenta uma afinidade maior pelo receptor de Adenosina A2 e em
altas doses, pode inibir a ataxia telangectasia mutada e a proteína quinase
Rad3 (ATR), e subsequentemente a resposta ao dano do DNA.
Estudos recentes sugerem um papel protetor da
cafeína contra o estresse oxidativo e a senescência.
Em um estudo conduzido por Li et al., 2018 com o objetivo de avaliar
os efeitos da cafeína na prevenção da senescência da pele induzida pelo
estresse oxidativo e também com o intuito de explorar seu mecanismo molecular,
foi possível obter os seguintes resultados:
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Foi reportado que AAPH induziu a senescência
em células da pele transformadas e em queratinócitos humanos normais;
·
Similarmente, a irradiação UV induziu a senescência
e o dano a pele induzido pelo AAPH ou UV;
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Baixas doses de cafeína suprimiram a
senescência celular na pele de camundongos;
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A cafeína facilitou a eliminação de Espécies
Reativas de Oxigênio (EROs);
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Usando uma combinação de RNAi e tratamento
químico, foi demonstrado que a cafeína ativa a autofagia através de diversos
evetos sequenciais, iniciando com a inibição do seu primeiro alvo celular, o
receptor de Adenosina A2 (A2AR) para um aumento no nível de Sirtuína 3 (SIRT3)
e ativação da proteína quinase ativada por adenosina monofosfato (AMPK);
·
A administração oral de cafeína em
camundongos (10 a 20 mg/kg) aumentou os níveis de Sirtuína 3, induziu a
autofagia e reduziu a senescência e dano ao tecido na pele de camundongos que
receberam irradiação UV.
Assim, pode-se concluir que os
resultados demonstraram que a cafeína protege a pele da senescência induzida
pelo estresse oxidativo através da ativação da autofagia mediada por
A2AR/SIRT3/AMPK.