NovidadesSerá que a castanha de caju pode ser o futuro dos protetores solares ecológicos?
Será que a castanha de caju pode ser o futuro dos protetores solares ecológicos?
Uma equipe de cientistas da Universidade de Witwatersrand, em Joanesburgo, desenvolveu uma maneira de fazer protetor solar ecologicamente correto usando a casca da castanha de caju.
Os protetores solares convencioanais têm estado sob importante análise recentemente com a FDA dos EUA, anunciando que com o começo do verão, seriam desenvolvidas regulamentações mais rígidas sobre a categoria desses produtos, depois que um estudo mostrou que alguns dos componentes bloqueadores de sol contidos nas formulações, estavam sendo absorvidos nas correntes sanguíneas. Além das possíveis preocupações sobre os efeitos que esses produtos químicos podem ter em nossos corpos, muitos deles são de base petroquímica e têm baixa biodegradailidade, o que pode afetar a vida marinha, de acordo com um comunicado de imprensa da Universidade de Witwatersrand.
Craig Downs, diretor executivo do Laboratório Ambiental Haerecticus, uma organização sem fins lucrativos que pesquisa o impacto do protetor solar na vida marinha, disse ao Euronews Living que ingredientes como oxibenzona e octinoxato podem causar o branqueamento de corais, mas o mesmo pode acontecer com outros eventos naturais. O mais preocupante sobre o efeito desses ingredientes para ele é que os corais não voltaram.
Na décad de 60, um recife poderia ser facilmente destruído por um furacão ou um evento de branqueamento, e cinco anos depois, você não poderia contar a história dessa destruição porque o recife voltaria imediamente. Com a poluição dos filtros solares e outras formas de poluição química, isso não é possível, os arrecifes não conseguem mais voltar, permanecendo mortos. Isso é uma grande crise ecológica, completou Craig.
Será que as cascas de caju podem ser a resposta ecológica? Uma equipe da universidade se tornou responsável por buscar alternativas potenciais que poderiam ser produzidas de uma forma mais eco-friendly. Em colaboração com cientistas na Alemanha, Maluí e Tanzânica, eles passaram a usar a casca de castanha de caju para produzir ingredientes de proteção solar com um pontecial bastante promissor.
Em uma declaração, o professor Charles de Koning, de Wits School of Chemistry, explicou que a equipe de “cientistas verdes” pretendia achar uma maneira de produzir novos absorvedores de UV a partir da casca da castanha de caju como um recurso de carbono não comestível e biorrenovável com o intuito de auxiliar a retira de produtos químicos que utilizem combustíveis fósseis para sua produção.
A castanha de caju comestível representa apenas uma pequena porcentagem da fruta e é envolta em uma cassca dura que fica abaixo da grande maçã vermelha ou amarela que é colhida da árvore. A fruta é usada em países onde o caju é cultivado com o objetivo de fazer suco ou mesmo fermenado embebido em áclool na Índia. Normalmente, uma vez que a noz comestível é extraída, as cascas são descartadas, porém essa nova pesquisa pode encontrar um uso para elas na prevenção da exposição prejudicial aos raios ultravioleta.
Os produtos químicos encontrados em filtros solares amplamente disponíveis devem refletir, espalhar ou absorver a luz ultravioleta de alta energia para serem eficazes. De acordo com a Fundação do Câncer de Pele, a exposição dos raios UVA e UVB danifica o DNA nas células da pele, aumentando a chance que elas não se repliquem corretamente, o que pode causar cãncer de pele e envelhecimento precoce.
A pesquisa realizada pelos cientistas possibilitou a descoberta que alguns dos compostos criados com o líquido do caju tinham qualidades de ansorção dos raios ultravioleta semelhantes aos ingredientes de filtro solar comerciais, como a oxibenzona. Quatro dos produtos químicos criados atenderam aos requisitos para pesquisas futuras, além de serem “estabilizadores de emulsão”, o que poderia torná-los mais fáceis de misturar em produtos finais.
Um representante da Cosmetic Toiletry & Perfumery Association (CTPA), quando solicitado a comentar sobre a pesquisa da Euronews Living, apontou que “se esses novos compostos forem usados como protetor solar, investigações sobre sua segurança para a saúde humana precisam ser conduzidas ”. A CTPA também afirmou que independentemente das origens naturais, orgânicas ou sintéticas de um produto químico, o corpo não pode determinar a fonte de um ingrediente e esta fonte não tem influência na segurança desse ingrediente.
Mais testes são necessários antes para avaliar os reais impactos desse novo filtro solar na saúde humana e na vida marinha, por enquanto os testes serão confinados ao laboratório, mas esta pesquisa inicia pode fornecer uma resposta inovadora para bloquear os raios UV em um futuro não tão distante.